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Arquitetos: Taller General
- Área: 299 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:JAG Studio, Alex Santander

Descrição enviada pela equipe de projeto. La Miradora é uma residência localizada na serra central do Equador, no ecossistema de páramo a 3403 metros acima do nível médio do mar. O terreno, de forma alongada, possui em uma extremidade o acesso a partir de um caminho rural e na outra, uma grande inclinação. De seus lados se estendem as pradarias vizinhas e grandes vulcões que definem a localização da casa. Esta se assenta no ponto mais alto do lote e aproveita um leve desnível para se abrir a todas as vistas e organizar seu interior.

A residência é ocupada principalmente por um casal que, de vez em quando, recebe visitas de sua família. Essa condição se evidencia na organização espacial da casa. No nível superior, que conta com uma ampla vista em todas as direções, estão os espaços necessários para os usuários principais, além de um pequeno mezanino voltado para a observação, que se abre para o norte e para o sul, onde se elevam os vulcões mais próximos. O nível inferior, de menor tamanho devido ao desnível, é ativado quando há visitas e permite acomodar mais usuários.


Devido ao fato de que o pavimento superior da casa é o mais utilizado, cria-se uma conexão direta com o exterior através de uma rampa que permite, além de circular, observar. Esta rampa está localizada em um dos lados da residência e, embora esteja coberta, é um percurso exterior que gera uma transição pausada entre o interior da casa e o terreno.


O diálogo com o ambiente natural também se reflete no funcionamento da casa. Um conjunto de painéis solares garante o fornecimento de energia elétrica, enquanto as águas cinzas e negras passam por tratamento com caixas de gordura, biodigestor e umedecimento. Depois de filtradas em uma pequena lagoa, elas são finalmente infiltradas no solo, fechando o ciclo de reaproveitamento.

A residência é sustentada por dez elementos de madeira, pórticos compostos por 4 peças com inclinações diferentes que buscam se fechar para cima, para gerar maior abrigo no pavimento superior. Esses pórticos se assentam, no lado norte, sobre uma base de tijolos que segue sua inclinação e desaparece quando a altura permite a existência do pavimento inferior.

No lado sul, onde se localiza a rampa, as peças inferiores variam de comprimento para se adaptar à inclinação do terreno e passam a ser metálicas, garantindo maior resistência às chuvas e à incidência direta do sol. Os pórticos, espaçados a cada 2,44 metros, conformam amplos beirais que protegem tanto a estrutura de madeira quanto o interior da residência. Essa modulação sofre alterações para sustentar o mezanino, permitindo uma observação mais ampla da paisagem. Nos pavimentos inferiores dessa transição, concentram-se as áreas úmidas e o estacionamento coberto.


A materialidade surge de uma análise contextual que busca valorizar a natureza e o local, mas também considera as capacidades de exposição de cada material ao clima do lugar; a disponibilidade de fabricação no mercado e a velocidade de execução. Não são utilizados revestimentos, acabamentos ou materiais que escondam a estrutura, dessa forma são reduzidos os resíduos da obra ao máximo, para isso o design é definido com detalhes desde o início e a formação da mão de obra no processo de construção se torna essencial. Com a colaboração de artesãos de diferentes especialidades — metal, madeira, cerâmica e tecido — foram desenvolvidos também os detalhes da residência, como luminárias, mobiliário fixo dos banheiros e áreas de armazenamento, além de escadas, cortinas, divisórias e outros elementos complementares.































